GUIA DE PESQUISA

 

NOTA PRÉVIA

Num site pessoal como este, dedicado à divulgação da criatividade literária dum escritor, será certamente de todo o interesse a indicação de algumas pistas que conduzam a uma pesquisa mais eficiente daquilo que se procura saber sobre ele e a obra respetiva. Embora haja desde já uma razoável enumeração de assuntos “verbetáveis”, fiquemos por agora com estes, mais diretamente ligados aos diversos géneros cultivados pelo escritor e ao assíduo relacionamento com o arquipélago em que nasceu: os Açores. E assim prosseguiremos, aqui sempre pela ordem alfabética. Por ordem cronológica, veja-se o setor O AUTOR a Par e Passo.

 

AÇORES – 1969 – No verão deste ano, durante cerca de um mês, Norberto Ávila aceita desempenhar funções de assistente do realizador Fritz Puhl, da Televisão Alemã (ZDF), para pesquisa de assuntos e estabelecimento de contactos, durante a filmagem do documentário Hoch uber den Azoren, em todas as ilhas do arquipélago açoriano.

1982 – Algumas dezenas de fotos da autoria de Norberto Ávila, referentes a quase todas as ilhas do arquipélago, documentam o capítulo Açores – Escala na Rota Oceânica – do livro À Descoberta de Portugal. Seleções do Reader’s Digest, Lisboa.

1990 – (O) Marido Ausente, pelo Teatro de Portalegre, em digressão pelos Açores:  ilha Terceira (São Sebastião: Sociedade Recreativa, e Angra do Heroísmo: Teatro Angrense); ilha de São Miguel (Nordeste, Vila Franca do Campo, e Ponta Delgada: Teatro Micaelense).

1994 – O Teatro de Portalegre, em digressão pelos Açores, com o espetáculo (Os) Doze Mandamentos: ilha Terceira (Teatro Angrense), ilha de São Jorge (Sociedade União Popular, Ribeira Seca) e ilha do Faial (Auditório do Centro Paroquial da Freguesia de Castelo Branco).

2012 – A comédia de Norberto Ávila Arlequim nas Ruínas de Lisboa passa a constar do Plano Regional de Leitura, Açores.

 

AÇORES, ILHA DE SÃO JORGE –  Nevoeiro (conto, cuja ação decorre em São Jorge, escrito em 1977.)  >  www.norberto-avila.eu  > Conto.

1992 – 1.ª edição do álbum fotográfico (As) Fajãs de São Jorge, de Norberto Ávila, publicado pela Câmara Municipal da Calheta, São Jorge, Açores. Prefácio do autor: Em Louvor das Fajãs, datado da Fajã de São João, julho de 1991.

1993 – Norberto Ávila participa num Encontro de Poetas Açorianos, no âmbito do Festival de Julho, Calheta, São Jorge, Açores. Tema: Funções da Poesia na Sociedade dos Nossos Dias.

1993 – Lançamento do álbum As Fajãs de São Jorge em Toronto (Canadá); em San Jose e outras cidades da Califórnia. (Presença do autor, Norberto Ávila; sessões de autógrafos.)

1997 – O livro Viagens na Nossa Terra, profusamente ilustrado, contém um  capítulo intitulado Riqueza de Contrastes, dedicado à ilha de São Jorge, redigido por Norberto Ávila. Da mesma autoria, as fotos que ilustram estas páginas, bem como a ficha 146 (caixa-estojo, 2º vol.), referente ao passeio na zona da Urzelina. Seleções do Reader’s Digest, Lisboa.

2005 – No âmbito do Festival de Julho (Calheta, ilha de São Jorge, Açores), apresentação do livro de Norberto Ávila Arlequim nas Ruínas de Lisboa (“comédia de maus costumes”).

2009 – No âmbito do Festival de Julho (Calheta, ilha de São Jorge), no dia 25: lançamento do DVD Norberto Ávila – O Escritor em Cena, numa cerimónia realizada na Sociedade Estímulo. Edição de homenagem da Câmara Municipal da Calheta; imagem de Marcelo Reis; textos de Sónia Âmbar.

2010 – No âmbito do Festival de Julho (Calheta, ilha de São Jorge), na abertura oficial, a que preside o Director Regional da Cultura, Dr. Jorge Paulus Bruno: Apresentação de Algum Teatro, – 20 peças em 4 volumes – pelo seu autor, Norberto Ávila, nos 50 anos da sua estreia como dramaturgo representado.

2011 – No âmbito do Festival de Julho, “Histórias Intrometidas em (A) Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel), de Norberto Ávila”, numa leitura-interpretação de 4 exemplos, pelo ator Belarmino Ramos. Local: Salão Nobre dos Paços do Município da Calheta.

2012 – No âmbito do Festival de Julho (Calheta de São Jorge, Açores), apresentação dos dois últimos livros de Norberto Ávila: (A) Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel) e (O) Bobo (versão dramática do romance de Alexandre Herculano); com a participação dos atores Belarmino Ramos e Luísa Brasil. Local: Esplanada do Calhetense Bar.

 

AÇORES, ILHA DE SÃO MIGUEL – 2012 – A peça de Norberto Ávila (O) Homem que Caminhava sobre as Ondas é representada pelo grupo “A Faísca” – constituido por alunos e professores da Escola Secundária de Lagoa (ilha de S. Miguel). E, numa iniciativa de intercâmbio cultural, com este mesmo  espetáculo o grupo açoriano se apresenta em Sainte Thérèse (Montreal, Canadá).

2013 – O grupo teatral “A Faísca”, da Escola Secundária de Lagoa, ilha de São Miguel (que em 2012 representara (O) Homem que Caminhava Sobre as Ondas), leva à cena, em estreia absoluta, no âmbito do VI Encontro Regional de Grupos Escolares, outra obra de Norberto Ávila: Magalona, Princesa de Nápoles.

2014 – Lançamento da Coletânea de Autores Dramáticos Açorianos,  coordenada por Helena Chrystello e Lucília Roxo, de que fazem parte cenas de 3 peças de Norberto Ávila: A Paixão Segundo João Mateus, O Rosto Levantado e O Marido Ausente, sendo oradores, além das coordenadoras dos textos e da apresentadora, Lurdes Alfinete, Álamo Oliveira, Suzete Câmara e Norberto Ávila. Local: EB 2,3 da Maia.

 

AÇORES, ILHA DO CORVO – 2010  – Norberto Ávila recebe pessoalmente, na cerimónia de celebração do Dia da Região Autónoma dos Açores, (este ano na ilha do Corvo), a Insígnia Autonómica de Reconhecimento, com que foi distinguido pela Assembleia Legislativa e pelo Governo Regional.

 

AÇORES, ILHA TERCEIRA – 1994 – Lançamento do livro (Os) Doze Mandamentos, na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo, com apresentação de Álamo Oliveira. Participação de Vítor Duarte, Diretor Regional dos Assuntos Culturais (Açores), do encenador José Mascarenhas, e do próprio autor.

2006 – No âmbito da Expovinis 2006 (Porto), a Confraria do Vinho Verdelho de Biscoitos (ilha Terceira, Açores), por iniciativa de Irene Ataíde, em cerimónia conjunta com 7 Confrarias congéneres, procede à insigniação do escritor seu conterrâneo Norberto Ávila. (Por outras Confrarias são insigniadas personalidades tão diversas como Rui Nabeiro e Carlos do Carmo, por exemplo.)

2008 – Os Votos de Natal de Frank Baldaia, conto. Expressamente escrito para a revista AndarILHAgem, da Direção Regional das Comunidades (Açores), a convite do seu coordenador, Álamo Oliveira. Publicado no nº 4 (dezembro), com ilustração do autor. (www.norberto-avila.eu > Conto.)

2009 – O suplemento “Vento Norte”, do Diário Insular (Angra do Heroísmo) recorda em 2 páginas os 50 anos de criatividade literária de Norberto Ávila. Um artigo assinado por Victor Rui Dores: No Mais Profundo das Águas, de Norberto Ávila, ou a expressão de uma escrita literária; outro, não assinado, presumivelmente do coordenador, Álamo Oliveira: Norberto Ávila – 50 Anos de Atividade Literária.

2010 – Lançamento na ilha Terceira, a nível nacional, da coletânea Algum Teatro, com apresentação de Álamo Oliveira. Participação de Paulo Codorniz. Local: Auditório do Ramo Grande, Praia da Vitória. No espaço envolvente, uma exposição de cartazes testemunhando a carreira internacional do dramaturgo terceirense Norberto Ávila e recordando os 50 anos da sua estreia como autor representado. Em jeito de surpresa, representação duma cena de (A) Paixão Segundo João Mateus (encontro de Salomé com Herodes), por elementos do grupo Teatrinho, de Angra do Heroísmo.

2011 – Norberto Ávila recebe pessoalmente do Representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Embaixador Pedro Catarino, na cerimónia de comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Solar da Madre de Deus, em Angra do Heroísmo, sua cidade natal, a Comenda da Ordem de Mérito, com que foi agraciado pelo Presidente da República.

2011 – Publicação de (A) Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel), com a chancela do Instituto Açoriano de Cultura (Angra do Heroísmo) e prefácio da Drª  Teresa Carvalho, investigadora do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Do “Cordel” aos Fios da Pós-Modernidade.

2011 – O Diário Insular (de Angra do Heroísmo) publica um artigo-entrevista intitulado Norberto Ávila e “A Paixão Segundo João Mateus” – O Livro que Fala à Moda da Terceira.

2011 – Lançamento de (A) Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel) de Norberto Ávila, em Angra do Heroísmo, no próprio dia do 75.º aniversário do autor (9 de setembro). Edição do Instituto Açoriano de Cultura (de Angra do Heroísmo). Local: Teatro do Grupo Alpendre. Participação do actor Belarmino Ramos, com a leitura de 2 das “Histórias Intrometidas” pelo narrador, João Mateus, no corpo do romance.

 

ALGUM TEATRO – Coletânea de 20 peças de Norberto Ávila, em 4 volumes (2009, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda).

Vol. I – Prefácio: Apresenta-se o Autor com as Suas Peças (2009), (As) Histórias de  Hakim (1966), (A) Paixão Segundo João Mateus (1972 e 1978), (As) Cadeiras Celestes (1975) e (O) Rosto Levantado (1877-1978).

Vol. II –  Viagem a Damasco (1980), Do Desencanto à Revolta (1982), (Os) Deserdados da Pátria (1988), Florânia ou A Perfeita Felicidade (1983) e D. João no Jardim das Delícias (1985).

Vol. III –  Magalona, Princesa de Nápoles (1986), (O) Marido Ausente (1988), (As) Viagens de Henrique Lusitano (1989), (A) Donzela das Cinzas (1990) e (Uma) Nuvem sobre a Cama (1990).

Vol. IV – Arlequim nas Ruínas de Lisboa (1992), (Os) Doze Mandamentos (1993), Fortunato e TV Glória (1995), (O) Café Centauro (1996), Salomé ou A Cabeça do Profeta (2000) e Para Além do Caso Maddie (2007).

Sobre esta dramaturgia se têm pronunciado diversas personalidades ligadas à criatividade teatral. De destacar, por exemplo, a autorizada opinião de Luiz Francisco Rebello, que, tendo proferido na Casa dos Açores (de Lisboa) uma conferência de homenagem ao dramaturgo açoriano, logo se prontificou a uma síntese da sua comunicação, nos termos em que figura na contracapa do vol. IV:

“Pela diversidade e riqueza dos temas dramatizados, pela variedade e adequação dos modelos estruturantes, pelo saber oficinal, pela capacidade inventiva do jogo cénico, pela sábia dosagem do real e do fantástico, do humor e da emoção, do erudito e do popular, e pela articulação perfeita de tudo isto, a obra de Norberto Ávila, já internacionalmente consagrada, ocupa um lugar ímpar no quadro da dramaturgia portuguesa contemporânea.”  

LUIZ FRANCISCO REBELLO

Outras opiniões críticas:

“Constituída até agora por mais de vinte títulos, a maioria dos quais já foi levada à cena, tanto em Portugal como em diversos países estrangeiros (Norberto Ávila é, hoje, o dramaturgo português mais traduzido e mais vezes representado fora de Portugal), a obra dramática deste autor açoriano apresenta uma feição muito pessoal e singular, sem paralelo na restante produção teatral portuguesa contemporânea e, de modo especial, na geração revelada, como ele, no início dos anos 60 […]

“ Cumpre também referir, como um dos elementos que contribuem de modo relevante para a eficácia dramática do teatro do autor açoriano, a inegável riqueza e qualidade literária dos seus diálogos, que, no entanto, não afeta a sua verosimilhança nem a sua coloquialidade.”                                                     

ANTÓNIO BRAZ TEIXEIRA

“Num país onde o teatro é olhado com pouco interesse pelo poder e com desconfiança pelo grande público, num país onde a edição teatral é escassa e a produção de peças originais portuguesas é diminuta, Norberto Ávila aceitou o risco da situação de dramaturgo profissional; é um dos únicos, senão mesmo o único, de entre os nossos dramaturgos atuais, que o fez.

“A sua produção dramatúrgica é, por isso, regular, e dessa regularidade resulta uma experiência acrescida, um métier que apoia a vontade criativa. As suas peças, cada vez mais solicitadas, encontram um acolhimento caloroso, embora continuem – é mania nacional – a ser melhor conhecidas no estrangeiro do que em Portugal. […]

“O trabalho de um escritor como Norberto Ávila mostrou já que o caminho não pode deixar de passar pela profissionalização; é nossa responsabilidade, enquanto homens e mulheres de teatro, tirar do seu exemplo a necessária lição.”

JOSÉ VALENTIM LEMOS

“Uma leitura minimamente atenta da bibliografia de Norberto Ávila fará emergir a pertinente dedicação deste autor à causa do Teatro, mostrando-o como criador de estórias que se alimentam do fantástico e do mágico que a vida provoca; que se diverte, enriquecendo-nos, a tramar situações onde lógica e nonsense se comprometem em desfechos surreais; que se compraz a esgrimir diálogos onde o erudito e popular se completam no retratar de classes sociais em conflito permanente; que usa as palavras de acordo com o grau de erudição de cada personagem; que domina, enfim, a escrita do teatro apreendendo as atmosferas dos locais de ação, os ritmos de representação, o desenvolvimento coerente das linhas de força.”

ÁLAMO OLIVEIRA

“[…]Norberto Ávila, bom conhecedor daquele segredo que faz da fantasia o melhor instrumento para descobrir a realidade.” 

JOAN CASAS  – Escritor  catalão, tradutor de As Histórias de Hakim

2010, março, 8 – Lançamento na ilha Terceira, a nível nacional, da coletânea Algum Teatro, com apresentação de Álamo Oliveira. Participação de Paulo Codorniz. Local: Auditório do Ramo Grande, Praia da Vitória. No espaço envolvente, uma exposição de cartazes testemunhando a carreira internacional do dramaturgo terceirense Norberto Ávila e recordando os 50 anos da sua estreia como autor representado. Em jeito de surpresa, representação duma cena de (A) Paixão Segundo João Mateus (encontro de Salomé com Herodes), por elementos do grupo Teatrinho, de Angra do Heroísmo.

Outras apresentações da coletânea: ainda em 2010, no âmbito do Festival de Julho (Calheta, ilha de São Jorge, Açores); em 2011, na Livraria Fabula Urbis, Lisboa, tendo como complemento a exposição Norberto Ávila – 20 Cartazes para o Seu Teatro.

 

APRESENTA-SE O AUTOR COM AS SUAS PEÇAS – 2009 – Prefácio de 36 páginas à coletânea Algum Teatro – 20 peças em 4 volumes (2009, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda). O vol. I (pp. 7-42) contém, além de dados biográficos, notas temáticas referentes às 20 obras ali selecionadas mas também a outras 9, inéditas ou já publicadas em diversos editoras: (A) Descida aos Infernos (1959), (O) Homem que Caminhava sobre as Ondas (1959), (O) Servidor da Humanidade (1962), (O) Labirinto (1962), (A) Pulga (1965), (A) Ilha do Rei Sono (1965), Magnífico I (1965), (O) Pavilhão dos Sonhos (1979) e Memórias de Petrónio Malabar (2008).

www.norberto-avila.eu>Apresenta-se o Autor com as suas peças

 

ARLEQUIM NAS RUÍNAS DE LISBOA – “comédia de maus costumes”, escrita por Norberto Ávila em 1992, por encomenda do teatro da Trindade / INATEL (Lisboa).

Sinopse:

Sátira virulenta à vida social portuguesa do séc. XVIII, na época do Terramoto de 1755, depois das forçadas magnificências de D. João V. Homenagem à arte do Ator (na figura do protagonista Alceu Beringela, tocado pelo fascínio de uma das mais fulgurantes personagens da “commedia dell’arte”e do Teatro em geral). Comédia que aflora também os temas da irresistível ascensão do futuro marquês de Pombal; a sua luta contra os opositores, principalmente os Jesuítas; os desregramentos da vida eclesiástica e conventual – com referencias ao famoso Convento de Odivelas –; o fanatismo religioso; a corrupção da Justiça; o atentado contra D. José I; o oportunismo e a ganância em momento de catástrofe; a difusão da literatura de cordel; a posição do artista perante o mecenato e os poderes instituídos, por exemplo.

Personagens: 3 masc.; 2 fem. (Com possibilidade de múltipla interprtação.)

1992 – Estreia  de Arlequim nas Ruínas de Lisboa, na Sala-Estúdio do Teatro da Trindade, com encenação de Carlos Cabral, e primeira edição da obra, pela Escola Superior de Teatro e Cinema.

 

Da 2ª edição (Novo Imbondeiro, Lisboa, 2004) se faz, no ano seguinte, no âmbito do Festival de Julho (Calheta, ilha de São Jorge, Açores) apresentação da obra, que em 2012 passa a constar do Plano Regional de Leitura, nos Açores.

 

2013 – Estreia de Arlequim nas Ruínas de Lisboa, pelo Grupo de Teatro Palha de Abrantes, com encenação de Helena Bandos e Artur Marques. VII Mostra de Teatro de Abrantes; Cine-Teatro de São Pedro, na mesma cidade. Posteriormente, série de representações no Museu dos Biscainhos (Braga).

 

DAS TINTAS E VERNIZES(2007) – Conto de Norberto Ávila, que ficciona  estranhezas da justiça que se nos vai deparando.   > www.norberto-avila.eu>conto

 

(Os) DOIS IRMÃOS GÉMEOS DE SANTA COMBA DÃO  –  (2013) – Conto de Norberto Ávila. O inesperado despedimento de um bancário, em tempo de crise. Exemplifica a sobrevalência do afeto fraternal e mais amplamente familiar, para além de compreensíveis divergências de ordem sociopolítica.

(Ficção narrativa elaborada durante a própria estadia do escritor em Santa Comba Dão, no âmbito do I Festival das Artes, havendo como exercício final das Oficinas Artísticas a representação de cenas da sua peça O Café Centauro, na Casa da Cultura.)

>   www.norberto-avila.eu>conto

 

EXORTAÇÃO A UM HOMEM RENASCIDO – (2010) – Conto de Norberto Ávila. O pintor Herberto Alvarim, recuperado da vista após uma operação, reencontra ânimo na criatividade artística e no amor, depois da viuvez.  >  www.norberto-avila.eu>conto

 

D. JOÃO NO JARDIM DAS DELÍCIAS – Tragicomédia de Norberto Ávila escrita em 1986 e a que foi atribuida, no ano seguinte, a Menção Honrosa dos Prémios Nacionais de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura. A 1ª edição (1987) suscitou o entusiasmo de Carlos Avilez, que a encenou logo em 1988, com cenografia de João Vieira e tendo Carlos Freixo como protagonista.

Sinopse:

O mito literário de Don Juan transferido para o tempo de Filipe II de Espanha (I de Portugal), numa ação que decorre entre 1581 e 1588, em Lisboa, Sintra, Sevilha, Palermo, Bérgamo, Veneza e Roma. Múltiplas são, naturalmente, as figuras femininas seduzidas pelo aventureiro; a principal, a jovem D. Leonor, filha do ex-embaixador de Espanha em Lisboa, D. Gonçalo de Ulloa. Por sua vez, D. João é filho de D. Diogo Tenório, então embaixador de Espanha em Roma. E é de certo modo por via diplomática que chegam a conhecer-se os Ulloas e os Tenórios, com a consequente e trágica relação amorosa de D. João e de D. Leonor. Em termos de curiosidade, diga-se que há, além de Filipe II, outra personagem histórica: o papa Gregório XIII (atarefado com a reforma do calendário romano).

Em Lisboa, D. João assiste a uma representação teatral sobre a lenda medieval de Tristão, cuja vivência amorosa se opõe radicalmente à do aventureiro sevilhano; se este é o inveterado usufruidor de tantos corações femininos… para Tristão, lutando com tantas adversidades, não poderá haver outra mulher além de Isolda.

Lá mais para o fim de D. João no Jardim das Delícias, retornado o sedutor ao palácio familiar de Sevilha, transformadas umas antigas cocheiras numa espécie de “museu D. João”, é Mascarino (fiel servidor e companheiro do homenageado) quem, feito cicerone, dá aos numerosos visitantes testemunho das tão gloriosas façanhas eróticas do seu amo. 

Personagens: 13 masc.; 12 fem. (Com possibilidade de múltipla interpretação.)

Opiniões críticas:

D. João no Jardim das Delícias é o Dom João do nosso tempo.”

LURDES CASTANHEIRA

“Este, um dos mais belos textos da nossa literatura dramática contemporânea, interessante, com cenas bem construídas, perfeito domínio da técnica teatral, correta definição dos personagens, mesmo quando eles são apenas secundários […]”

TITO LÍVIO – A Capital

“Norberto Ávila não desiludiu e dá-nos uma prova a todos os títulos surpreendente. […]Fez renascer o mito de Don Juan de uma forma simultaneamente tradicional e inovadora. […] O texto mais rico em termos de análise tendo em conta o discurso da sedução.”

MARIA MANUELA SOBRINHO

1986 – A simples existência de uma nova peça teatral sobre o mito de Don Juan – D. João no Jardim das Delícias, de Norberto Ávila – proporciona a realização de um ciclo de estudos, em Coimbra, resultante duma parceria Goethe-Institut / Alliance Française. Aí se insere uma sessão intitulada “Encontro com Norberto Ávila: D. João no Jardim das Delícias – uma peça, um romance”, com leitura de textos da tragicomédia e da respetiva versão narrativa (ainda em princípio de escrita), por Vasco Pereira da Costa e José Neves, sendo este então estudante e ator do TEUC. Local: Anfiteatro da Faculdade de Letras.

2006 – Tese de mestrado de Maria Manuela Sobrinho: O Estereótipo no Donjuanismo, em que uma das obras analisadas com mais pormenor é a tragicomédia de D. João no Jardim das Delícias; sendo os outros autores estudados Guerra Junqueiro, António Patrício, Natália Correia e José Saramago. O assunto, devidamente reformulado pela ensaísta, daria origem a uma obra intitulada Don Juan e o Donjuanismo. Ed. Fonte da Palavra, 2010.

 

(OS) DOZE MANDAMENTOS – Comédia espiritual em 2 partes, de Norberto Ávila, escrita em 1993, correspondendo ao 3º convite do Teatro de Portalegre.

Sinopse:

Sátira à proliferação das seitas religiosas. Particularmente em questão a criação da Igreja Mosaica dos Doze Mandamentos, por Benvindo Salvador, dissidente da Igreja da Reconciliação Universal. Com a prodigiosa descoberta de ser incompleto o conteúdo das Tábuas da Lei, a que faltariam na realidade dois suplementares mandamentos. Os Fenícios (“rapinantes de primeira apanha”) ter-se-iam apoderado da santa relíquia, que deixaram numa gruta ribeirinha, muito próximo do Tramagal… E acontece que Galantina Malafaia (enfermeira e massagista, mulher de Benvindo) se ajeita muito bem com Pascoal Cordeiro, precisamente o discípulo dileto do mentor da nova igreja. E há ainda o caso de Heloísa Perpétua (uma dessas poetisas muito laureadas em Jogos Florais de cidadezinhas brasileiras, autora do Hino da Igreja Mosaica), além de outras pitorescas figuras que igualmente fazem parte do denominado grupo Amigos da Sabedoria…

Personagens: 3 masc.; 2 fem.

Opinião crítica:

“Este é o texto de Norberto Ávila que mais surpreenderá quanto a irreverência e até quanto à forma de expor o conflito. A sua capacidade de oficinar uma peça de teatro toca, agora, o próprio refinamento. Sobretudo no segundo ato, esse saber oficinal atinge quase a vertigem. Ritmo e velocidade constituem o necessário contraponto a um primeiro ato, porventura mais estático, mas a proporcionar  ao ator a forma de resistir a momentos de intensa exposição. As virtualidades do texto ( que são múltiplas) permitem que o ator se defenda, se imponha, cative e seduza. //

“Há malícia e humor que bastam em Os Doze Mandamentos, onde os subentendidos e os silêncios (silêncios que o autor sublinha com gestos mais que expressivos) ganham, no ato da representação, uma importância fundamental. Importa também relevar a valorização do texto obtida através da carga de informações paralelas – informações que são debitadas de forma displicente e irónica, mas que não deixam de cumprir a sua função pedagógica. Um exemplo de entre tantos: a rir e a brincar, Norberto Ávila explora o peso cabalístico do número sete. Assim, são sete os dias da semana, sete planetas (a hipótese de alguém “escarafunchar” no espaço só dará para encontrar planetas marginais), sete esferas celestes, sete os emblemas de buda, sete hierarquias angélicas, mas também sete os pecados capitais responsáveis pela nossa “dieta” existencial. E sete são as cores do arco-íris, os ramos da árvore cósmica, os graus da perfeição, as notas da escala diatónica, as portas de Tebas, as lâmpadas do candelabro judaico, as pragas do Egito, as igrejas da Ásia Menor, as vacas gordas e as magras. E são sete as aberturas do corpo humano – que aconselha a não conferir. Pobre Heloísa Perpétua que desconhecia serem sete as cordas da sua lira. Ignorante! //

Os Doze Mandamentos é o 23º texto de teatro de Norberto Ávila. É uma imensa obra que tem desafiado companhias e encenadores da vários países da Europa – o que testifica o reconhecimento pelo trabalho de um escritor que, ao Teatro, tem dedicado o seu tempo, o seu talento e ainda uma espécie de teimosia que só se entende sob a designação de amor, que é como quem diz, sob o entendimento de que o Teatro sublima a expressão da solidariedade.”

ÁLAMO OLIVEIRA

 

FRENTE À CORTINA DE ENGANOS – (2003 e 2004) – Romance de Norberto Ávila, elaborado a partir de materiais já utilizados na peça teatral Fortunato e TV Glória (1995). Ainda inédito em 2014.

Fortunato Galisteu (que de Valdevide, nas faldas da Serra da Estrela, se passara para Lisboa, aos 11 anos, como aprendiz de mercearia) veio a casar com Laura, filha do patrão Inocêncio. E, decorridos uns anos sobre a morte deste, é já senhor duma cadeia de supermercados na Capital e nos arredores. O empresário, não sendo a princípio particularmente afeto a programas de televisão, deixa-se contagiar pelo entusiasmo de alguns familiares nesse domínio (com alarmante destaque para a mulher e a mãe, inveteradas consumidoras de telenovelas, concursos, reality shows); e tendo também em conta o extraordinário poder publicitário daquele meio de comunicação, ambiciona já a criação da sua própria estação de TV. (Nome previsto: TV Glória, em homenagem à mãe.) De modo que se torna um hábito, para Fortunato, seus parentes e amigos, entreterem-se improvisando “programas” a exemplo dos mais populares, em que atuam com grande à-vontade. Até que a ficção e a realidade se confrontam…

 

(AS) HISTÓRIAS DE HAKIM – Segunda peça de Norberto Ávila a alcançar acolhimento internacional (sendo a primeira (A) Ilha do Rei Sono). Sem dúvida alguma uma das peças de língua portuguesa mais traduzidas e representadas. (Ver a secção O AUTOR a Par e Passo, a partir de 1975). Escrita em 1966, na sequência duma viagem a Marrocos. Daí ser protagonista um irreverente contador de histórias de praça pública, porém com a ação deslocada para a mítica Bagdade, em recuados tempos.

Sinopse:

Trata esta obra essencialmente da posição do artista perante o poder. (Neste caso um poder totalitário, o da mítica Bagdade, em recuados tempos.)

Com o seu talento verbal, Hakim denuncia corrupções e injustiças quotidianas. A partir de O Tapete Voador (uma quase~história, na medida de ser um episódio em que ele próprio realmente participou), desenvolvem-se os verdadeiros contos, constituintes da posterior ficção dramática: A Arca de Sândalo, Os Ladrões-Bailarinos e O Avarento Maruf. Temos então uma ação diversa mas interligada, com suas personagens básicas sujeitas a várias metamorfoses, devidas a um devaneio imaginativo, a uma inesperada subida na escala social ou até a secretas vivências alternativas. De qualquer modo, tratando-se duma peça de teatro, era imprescindível que o “narrativo” se tornasse de imediato “vivido”.

Quanto ao fascinante ambiente exótico do mundo árabe (que o autor voltou a recriar em Viagem a Damasco), resulta de um estudo específico, continuado, a partir de 1965, ano em que, integrado num grupo de estagiário da Universidade do Teatro das Nações, visitou longamente o reino de Marrocos. Em Marráquexe, na celebérrima praça Djemaa el Fna, deparou-se-lhe o primeiro contador de histórias. E logo começou a idealizar o irreverente Hakim, tão solidário com os menos afortunados.

Personagens: 5 (+2 pequenos papéis) masc.; 1 fem.

Opiniões críticas:

“Peça sobre o poder e os limites da fantasia. Como é densa, emocionante e poética! Como é rica de sentido, plena de vivacidade e empenhamento!

Frankfurter Rundschau

“Uma peça cheia de ação, para transformar e incomodar. Em suma: uma boa aquisição para um repertório teatral.”

Theater der Zeit

“Este belo poema dramático […] interessa a qualquer público, pela sensibilidade, pela graça certeira da análise e pela eficácia das situações teatrais.”

DUARTE IVO CRUZ

“[…]salientemos As Histórias de Hakim, de Norberto Ávila, cuja obra mereceu a internacionalização desde essa obra-prima […]”

ÓSCAR LOPES e ANTº. JOSÉ SARAIVA – Histª. da Literatª Portuguesa

Prémio de Teatro Declamado em 1967, a peça foi publicada no ano seguinte (Edições Panorama, Lisboa).

A 2ª edição (Lisboa, APTA, 1978) não inclui a terceira história – (Os) Ladrões-Bailarinos –, que viria ser reposta na 3ª edição (de Autor, Lisboa, 1982), a qual se apresenta, desde aí, como uma versão laboriosamente aperfeiçoada. E foi esse o texto (que o dramaturgo presume definitivo) escolhido para abrir a coletânea Algum Teatro (4 volumes, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 2009).

A estreia absoluta de (As) Histórias de Hakim teve lugar no Teatro Monumental, Lisboa, 1969, com encenação de Alexandre Vieira, a que muitas outras se foram seguindo. (Caso paradigmático é o do Teatro Experimental do Porto, com duas encenações no espaço de poucos anos.)

Em 1975, quase simultaneamente, duas editoras alemãs – Verlag der Autoren (Frankfurt) e Henschelverlag (Berlim) – tiveram decisiva importância na difusão internacional da obra, muito em breve também representada nos outros países de língua alemã (Suíça e Áustria), além da Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Eslovénia, Espanha, Holanda, Portugal, República Checa, Roménia e Sérvia, por exemplo.

(As) Histórias de Hakim é certamente uma peça afortunada, de que, não contando as adaptações para a rádio e televisão, o número de encenações (até este ano de 2014) rondará uma centena. Um caso raríssimo no âmbito da dramaturgia de expressão portuguesa.

Na Alemanha, por exemplo, logo em 1976 beneficiou de 4 estreias, sendo uma na ex-RDA – Mecklemburgisches Staatstheater (Schwerin) e as restantes na Alemanha Federal: Theater am Turm (Frankfurt); Deutsches Theater (Gottingen) e Stadttheater (Pforzheim).

1977 – Stadtische Buhnen (Essen) e Festspiel (Hamm).

1978 – A revista alemã Theater Heute dedica a Norberto Ávila grande parte de um dos seus números (8/1978), publicando uma 3ª edição do texto integral de (As) Histórias de Hakim, numa adaptação de Thomas Brasch; um artigo de Melchior Schedler, sobre a carreira da obra na Alemanha; uma entrevista com o dramaturgo português, conduzida pelo lusitanista e professor universitário Henry Thorau; além de biografia e documentação fotográfica.

E prosseguem as representações em teatros germânicos em 1978: Theater der Jungen Zuschauer (Magdeburgo, ex-RDA): Theater der Jungen Welt (Leipzig, ex-RDA); Landestheater (Dessau, ex-RDA) e Modernes Theater (Munique).

1979 – Theater in der Toone (Reutlingen); Staatstheater (Oldenburg) e Staastheater (Wiesbaden).

1980 – Theaterwerkstatt (Hannover); Staatstheater (Karlsruhe); Nationaltheater (Mannheim);

1980 –  Darmstadt.

1981 – 4ª edição alemã de (As) Histórias de Hakim (Hakims Geschichten); Frankfurt, Verlag der Autoren. Desta vez na coleção Theaterbibliothek, que inclui dramaturgos como Fassbinder, Gorki, Ibsen, Marivaux, Molière, Shakespeare, Strindberg (…).

1983 – Elbe-Elster-Theater (Wittenberg, ex-RDA).

1985-86 – Teatro Escolar da Johann-Peter-Eckermann-Realschule de Winsen (Luhe).

1986 – Wurttemburgische Landesbuhne (Esslingen).

Na Suíça: – 1979 – Bretter Buhne (Zurique) e Keller-Theater (Bremgarten).

Na Áustria: – 1986 – Wiener Theaterey (Viena).

Na Holanda: – 1986 – Noordelijk Toneel (Teatro, Groningen).

Na Bélgica: – 2007 – Théâtre Universitaire Royal de Liège.

Na Espanha: – 1981 – Grupo d’Acció Teatral (Barcelona).

Na República Checa (ex-Checoslováquia): – 1981 – Mestské Kulturní Stredisko (Slavkov, Brno).

Na Sérvia (ex-Jugoslávia): – 1979 – Teatro Bosko Buha (Belgrado).

Na Eslovénia (ex-Jugoslávia): – 1979 –  Slovensko Narodno Gledalisce (Teatro Nacional da Eslovénia, Maribor).

Na Croácia (ex-Jugoslávia): – 1980 – Zagrebacko Kazaliste Mladih (Zagreb).

Na Roménia: – 1981 – Teatrul de Animatie (Bacau, Moldávia). Versão para marionetas.

Na Coreia do Sul: – 1989 – Grupo de Teatro Nah Ru (Seul).

Em Portugal: – 1969 – Teatro Monumental (Lisboa); 1977 –  Teatro da Marionetas Perna de Pau (Lisboa); 1978 – Teatro Experimental do Porto; 1979 – Teatro Experimental de Teatro (Funchal, Madeira); 1985 – CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro); 1986 – Marionetas de Lisboa Teatro da Trindade); 1988 – Teatro Experimental do Porto; 1989 – Grupo Cénico Marconi; 2000 – Grupo de Teatro do Centro Social de Soutelo, Rio Tinto (Gondomar); 2000 – Teatro Amador de Sandim (Vila Nova de Gaia).

Transmissões de As Histórias de Hakim pela Televisão: Televisão Jugoslav (Belgrado), 1980; Radiotelevisão Espanhola (Barcelona), 1981.

Um breve apontamento de diálogo entre o Grão-Vizir e Hakim. (O ilustre, inesperado visitante é um tal Idriss, que começou por ser mirabolante vendedor de tapetes “mágicos” e agora, secretamente, alterna as funções governativas com o noturno passatempo de salteador):

GRÃO-VIZIR – Toma cuidado, Hakim. Chegaram já a meus ouvidos notícias de novas histórias que inventaste, nas quais o venerável Califa e eu próprio somos tratados com certa irreverência, com certo desrespeito…

HAKIM – Também o povo de Bagdade merece respeito, e continuamente é desrespeitado pelos que o governam.

GRÃO-VIZIR – Hakim: Será necessário lembrar-te que disponho de plenos poderes para encerrar-te na mais escura masmorra ou até para cortar-te a cabeça, de pronto? Esqueces, acaso, a sorte de vários companheiros teus na perigosa arte de efabular fantasias?

HAKIM – A esses, venerável Grão-Vizir, rendo a mais comovida homenagem. Pelo seu exemplo. E pela dedicação que demonstraram à causa desta cidade oprimida. Espero não vir a ser menos corajoso e assumir integralmente as responsabilidades da minha profissão. Até ao extremo limite de todas as minhas forças.

(Ver coletânea Algum Teatro, Vol. I. Texto integral da obra e notas complementares, além da que se insere no prefácio Apresenta-se o Autor com as Suas Peças.)

 

(A) ILHA DO REI SONOPrimeira peça escrita por encomenda, em 1965, para a Companhia de Françoise Lepeuve, de Paris. Estreia nesse mesmo ano, no I Festival de Nanterre (Théâtre des Amandiers), com encenação de FrançoiseLepeuve; cenografia e figurinos do mexicano Guillermo Barclay.

Sinopse:

Numa viagem de sonho, um rapazito (Manuel) arriba a uma ilha cujo rei justifica, com as permanentes insónias, a inatividade governativa. Depois, descobertas as causas dessas insónias, a inatividade real permanece: porque Sua Majestade passa o tempo a dormir… E é Manuel quem vai ministrando ao primeiro-ministro (duque da Atlântida, etc.) sugestões de sensata governação.

Personagens: 5 masc.; 2 fem. (Com a possibilidade de múltipla interpretação.)

Opinião crítica “Porque foi minha a encenação, soube melhor avaliar as suas qualidades cénicas, o pulso firme e criador do dramaturgo. / A peça tem, naturalmente, o agrado do pequeno público. […] Obra esta [a de Norberto Ávila]de rigorosa perfeição literária, despida de prolixidades, sábia de carpintaria cénica, culta, densa, humana e senhora de um fino humor que repudia a gargalhada grosseira em troca da subtileza de um sorriso.”                              

ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA

 

1967 – Primeira representação de (A) Ilha do Rei Sono em língua portuguesa; Teatro do Gerifalto, Éden Teatro, Lisboa. Encenação de António Manuel Couto Viana; cenografia e figurinos de Juan Soutulho.

1977 – 1ª edição portuguesa, com 20 desenhos de Teresa Dias Coelho. Lisboa, Plátano Editora.

1980 – A Agencja Autorska, de Varsóvia, publica uma sinopse da peça (A) Ilha do Rei Sono (Wispa Kròla Snu).

1981 – Estreia pelo Grupo “A Capoeira” (Barcelos).

1982 – 1.ª edição alemã de (A) Ilha do Rei Sono (Die Insel des Konig Schlaf); Frankfurt, Verlag der Autoren.

1983 – Estreia de (A) Ilha do Rei Sono no Schauspielhaus de Wuppertal, Alemanha, com encenação de Dieter Reible. Publicação do livrinho “Wenn Wupperlals Kinder traumen // zur Urauffurung des Stuckes Die Insel des Konig Schlaf von Norberto Ávila”.

1984, abril – Estreia na sala experimental do Teatro Nacional Dona Maria II, pelo Grupo de Marionetas “Lanterna Mágica”. Encenação de Isabel Andreia, cenografia de José Ramalho e música de Rui Rocha.

1986, março – Transmissão da versão radiofónica (Die Insel des Konig Schlaf) pela SDR (Suddeutsche Rundfunk),  Alemanha.

1990, setembro – Estreia no Teatro da Malaposta (Odivelas); encenação de Figueira Cid; cenários e figurinos de Catarina Amaro.

2002, setembro, 14 – Estreia de (A) Ilha do Rei Sono (Die Insel des Konig Schlaf) pelo Figurentheater (Teatro de Marionetas) de Ravensburg, Alemanha.

 

(O) LAMENTOSO CASO DE VALENTINO E PASSARETA (2006) – Conto de Norberto Ávila, em que se põe em dúvida a asserção de que “as pessoas passam a ser boas após a morte”. Neste caso, em circunstâncias de emigração para a Alemanha e duma muito secreta infidelidade conjugal.    >  www.norberto-avila.eu  >  Conto

 

(O) MARIDO AUSENTE – 1988 – Comédia de Norberto Ávila,  num longo ato, escrita na sequência do 1º convite do Teatro de Portalegre.

Sinopse:

Comédia “assincrónica” (na medida em que a ação recua e avança por um simples devaneio de Penélope), cujas sequências se interpõem a séculos e séculos de distancia. Particularmente sensível à liberdade dos povos e à identidade cultural dos mesmos, ocorreu ao autor refletir sobre o caso específico da Grécia, por diversas vezes submetida ao domínio estrangeiro. Pelo que imaginou uma Penélope, conservadora do Museu Nacional de Atenas, cujo marido, armador (Ulises Lascaris de seu nome), desaparecera durante a ocupação nazi. Ora esta Penélope, inventiva e fantasiosa a mais não poder, imagina-se sucessivamente requestada por três pretendentes: Solimão, o Magnífico (sultão da Turquia, séc. XVI), Ivan (um príncipe russo, séc. XVIII) e Otão I (filho do rei Luís da Baviera, séc. XIX), que um mesmo ator preferencialmente interpreta. (Quem diria, ao tempo que se engendrou esta comédia, que a Grécia, verdadeiro berço da Civilização ocidental, viria a ser subjugada por uma “troika” qualquer, tal como Portugal e outros pequenos países!…)

Personagens: 2 masc. (sendo um deles o intérprete dos 3 sucessivos pretendentes à mão de Penélope); 1 fem.

1989 – Estreia absoluta de (O) Marido Ausente; Teatro de Portalegre, encenação de Augusto Tello (José Mascarenhas), cenografia e figurinos de Mário Alberto. Espetáculo que a companhia, em 1990, escolhe para uma primeira digressão aos Açores: ilha Terceira (São Sebastião: Sociedade Recreativa, e Angra do Heroísmo: Teatro Angrense); ilha de São Miguel (Nordeste, Vila Franca do Campo, e Ponta Delgada: Teatro Micaelense).

1991 – Ano particularmente favorável à carreira desta peça, escolhida para representar a dramaturgia portuguesa nas jornadas Teatro Europeu Hoje, sendo os primeiros França (Paris, Odéon-Théâtre de France) e Itália (Veneza, Palazzo Labia). Com a feliz coincidência duma leitura-espetáculo no XI Festival de Théâtre de Bayonne. Sempre com a com a presença do autor. Mais ainda: a realização de (O) Marido Ausente por Herlânder Peyroteo, com Susana Borges e Luís Vicente nos protagonistas.

Em 1992 é a vez da Comédie de Genève  proporcionar a sua versão da “comédia assincrónica”. E a versão portuguesa encerraria o ciclo no ano seguinte, no Institut Franco-Portugais (Lisboa), com 3 intérpretes do Teatro de Portalegre.

A 1ª edição ocorre em 1997 (Edições Colibri), com um segundo volume na mesma coleção dedicado ao teatro de Norberto Ávila: Uma Nuvem Sobre a Cama.

(Ver na secção O AUTOR a Par e Passo outras iniciativas culturais relacionadas com esta obra dramática.)

Opiniões críticas:

“A comédia de Norberto Ávila é não só um bom achado, como uma das suas melhores obras dramáticas, com um diálogo vivo, inteligente, carregado por uma ironia que o torna extremamente comunicativo, uma caraterização de personagens e situações bastante rica, ao mesmo tempo com imaginação e teatralmente verosímil […].”

CARLOS PORTO – Diário de Lisboa

O Marido Ausente é uma de Norberto Ávila, a quem se reconhecem excelentes qualidades de escritor-dramaturgo […]. Um texto que revelava à partida enormes potencialidades […] de uma riqueza admirável […] consegue ser simultaneamente histórico-cultural e atemporal.”

FÁTIMA LOPES – Diário popular

“O texto de Norberto Ávila, dramaturgo que é urgente conhecer, está muito bem construído. Vivo na fluidez dos diálogos, rico e inteligente […].”

JAIME GUEDES – O Dia

“A peça é um belo exercício literário […]. Oitenta minutos de humor requintado, oitenta minutos de cultura vista do direito e do avesso […].”

MANUEL JOÃO GOMES – O Europeu

“Comédia engenhosa, de grande fantasia, com diálogos vivos e réplicas divertidas […].”

ANTÓNIO RITA SANTOS – “Fim de Semana”, O Diário

“Rico e intenso em informação, o texto permitiu a conceção de um espetáculo divertido (já que de uma comédia se trata), lúdico com bases firmes na segura ‘carpintaria’ teatral de um dos nossos mais reconhecidos, traduzidos e representados dramaturgos.”

PAULO CARRETAS – A Capital

www.norberto-avila.eu>opiniões críticas

 

NEVOEIRO (1977) – Conto de Norberto Ávila, cuja acção decorre uma ou duas décadas antes, numa remota fajã da ilha de São Jorge (Açores), de muito difícil acesso. Uma visão premonitória. E a vida e a morte, num perverso brincar às escondidas.  >  www.norberto.avila.eu>conto

 

NO MAIS PROFUNDO DAS ÁGUAS Primeiro romance de Norberto Ávila,  escrito em 1993 e 1994, sobre Antero de Quental e a Geração de 70, sendo narradores, além do  próprio autor, Antero, Oliveira Martins e Eça de Queirós. Retrocesso aos tempos universitários de Coimbra (e mais ainda: aos da infância, na ilha natal de São Miguel); prosseguimento em Lisboa e Paris, Vila do Conde e de novo São Miguel.

www.norberto.avila.eu>romance

1998 – 1.ª edição: Lisboa, Edições Salamandra.

1999, maio – Apresentação do livro por António Valdemar, da Academia das Ciências de Lisboa. Local: Casa dos Açores (Lisboa). Neste mesmo ano:  No Mais Profundo das Águas – Roteiro de um romance pelo seu autor, Norberto Ávila. Lançamento e sessão de autógrafos, no âmbito do Festival de Julho, Calheta de S. Jorge, Açores.

Opinião crítica:

“Estamos perante uma escrita requintada, engenhosa e eivada de uma fina ironia. […]

“Norberto Ávila escreve bem e descreve ainda melhor. Os relatos que nos faz referentes às peripécias que envolveram as Conferências do Casino são de antologia. E inesquecíveis são as páginas dedicadas ao suicídio de Antero. […]

“ Estamos perante um livro (universal e intemporal) com grande poder evocativo e boa capacidade expressiva […]

“ O açoriano Norberto Ávila não é só um dramaturgo consagrado, dentro e fora de Portugal, é também um ficcionista de grande qualidade literária. Por conseguinte, estejamos atentos a este autor que ajuda a engrandecer a língua portuguesa.”

VICTOR RUI DORES

 

(UMA) NUVEM SOBRE A CAMA – Comédia erótica em 2 partes, escrita em 1990, satisfazendo um segundo convite do Teatro de Portalegre.

1991 – Estreia absoluta de Uma Nuvem Sobre a Cama, pelo Teatro de Portalegre; encenação de Vítor Pires. Representação no 1.º Festival Internacional daquela cidade, bem como no FITEI (Porto), no V Ciclo de Teatro de Autores Portugueses (Amadora), além duma série de espetáculos no Teatro da Comuna (Lisboa).

1991 – Uma Nuvem Sobre a Cama, pelo Teatro de Portalegre, em digressão pelos Açores (ilhas Terceira e de São Jorge).

1993 – A propósito de Uma Nuvem Sobre a Cama, a Profª Drª Maria Isabel Rebelo Gonçalves publica na revista Hvmanitas (vol. XLV) uma análise intitulada Uma Nuvem Sobre a Cama – Outro Anfitrião Português.

1997 – 1.ª edição de Uma Nuvem sobre a Cama; Lisboa, Edições Colibri, com o patrocínio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

2009 – O Cale Estúdio Teatro (Associação Cultural de Atores), de Vila Nova de Gaia, manifesta interesse na encenação da comédia de Norberto Ávila Uma Nuvem Sobre a Cama.

2010 – A comédia de Norberto Ávila Uma Nuvem Sobre a Cama (que recria o mito de Anfitrião) aparece referenciada em Sosia e il Doppio nel Teatro Moderno (Sósia e o Duplo no Teatro Moderno), estudo universitário de Ferruccio Bertini, pp. 77 a 86. Edição Il Melangolo, Génova.

2012 – A comédia de Norberto Ávila Uma Nuvem Sobre a Cama (sobre o mito de Anfitrião) é objeto de estudo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Coordenação de Pós-graduação em Letras), em temáticas diversas: “a retomada contemporânea do tema do sósia”, “o estranho como duplo”, suas relações “com o cómico, a compulsão, a repetição e as pulsões sexuais”.

Personagens: ANFITRIÃO – general dos Tebanos / ALCMENA – sua mulher / ZEUS – deus supremo dos Helénicos /  HERMES – filho de Zeus e deus do Comércio e dos ladrões; mensageiro dos deuses / SÓSIA – escudeiro de Anfitrião / CALIPSANDRA – criada de Alcmena e amante de Sósia

A acção decorre em Tebas, há muitos séculos. Zeus omnipotente, na mira de seduzir a virtuosa Alcmena, mulher de Anfitrião, general dos Tebanos, proporciona uma guerra entre este e os Teléboas. Afastando-se ele para o efeito, com o seu escudeiro Sósia, logo o Zeus supremo e Hermes (seu filho) se disfarçam de Anfitrião e de Sósia, respetivamente. Pelo que o primeiro seduz Alcmena e o segundo, Calipsandra; o que desencadeia uma série de peripécias demenciais entre as inocentes Alcmena e Calipsandra, em confronto com as verdadeiras e as falsas figuras de Anfitrião e de Sósia.

Lá mais para o fim da comédia, dirige-se Hermes (mensageiro dos deuses, não esqueçamos) a Alcmena: “Tenho o grato prazer de anunciar-te que, chegado o devido tempo, darás à luz um filho divino.”  “ Um filho divino?!”, espanta-se a virtuosa. E exclama Anfitrião: “Pelo pirilau de Zeus!” (É a sua imprecação predileta. Quanto ao glorioso nascituro… trata-se Hércules, nem mais nem menos.)

O simplório Sósia: “Ó Hermes, deus dos ladrões, a quem tantas vezes peço proteção, responde-me a esta pergunta indiscreta: Calipsandra, minha mais-que-tudo, também ela será mãe de um filho divino?”

Resposta de Hermes: “Um filho divino? Por mim, tomei as necessárias precauções. Não. Vós próprios tereis de ser os progenitores diretos da vossa modesta e condigna descendência.”

Opiniões críticas:

“Mas Norberto Ávila […] criou teatralidade a toda a prova, explorando com mestria a técnica do disfarce, criando uma linguagem que, sendo a do pastiche, tem humor próprio, irresistível e inconfundível.”

MANUEL JOÃO GOMES,  Público

Uma Nuvem sobre a Cama é um dos textos deste profícuo autor […], onde o ritmo do diálogo, a economia das frases e o humor inteligente convidam de imediato à transposição em teatro.”

JOÃO MANUEL ALVIM, Diário de Notícias

“A exemplificação apresentada está longe de esgotar o manancial cómico da peça, cujo espírito se nos afigura mais plautino do que o das outras recriações portuguesas, quer no cómico de situação, quer no cómico de linguagem. Nada falta, pois, para fazer de Uma Nuvem sobre a Cama uma verdadeira festa: porque festeja um tema de sempre; festa porque o Autor sabe usar festivamente a sua língua; festa, enfim, porque nos dá festa dentro da festa.”

MARIA ISABEL REBELO GONÇALVES, Humanitas

Bibliografia:

BERTINI, Ferruccio – Sósia e il doppio nel teatro moderno (Sósia e o duplo no teatro moderno). Ed. il melangolo / università,  Génova, 2010. (Uma dezena de páginas – 77-86 – dedicadas à comédia portuguesa Uma Nuvem sobre a Cama).

GONÇALVES, Maria Isabel Rebelo – Uma Nuvem sobre a Cama. Outro Anfitrião Português. Revista Humanitas, vol. XLV (1993). > pdf

PIMENTA, António –  NORBERTO ÁVILA / Uma Nuvem sobre a Cama. Revista Fórum (Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa), Universidade da Madeira.

http://www3.uma.pt/Publicacoes/FORUMa/200207_A2N4/norberto.html

 

(A) PAIXÃO SEGUNDO JOÃO MATEUS (Romance Quase de Cordel) – Romance de Norberto Ávila, elaborado entre 2004 e 2006, a partir da peça teatral (A) Paixão Segundo João Mateus (1972 e 1978). Edição do Instituto Açoriano de Cultura (Angra do Heroísmo), Lisboa, 2011. Prefácio de Teresa Carvalho, investigadora do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Do “Cordel”aos Fios da Pós-Modernidade.

Oportunamente, o próprio autor revelou as circunstâncias em que se decidiu a um tão longo e minucioso trabalho de adaptação literária:

“Durante uma viagem que fiz pela Califórnia (por ocasião do lançamento do meu álbum fotográfico (As) Fajãs de São Jorge, em 1993) ocorreu-me a ideia de um fictício encontro com João Mateus, em Tulare, onde o não menos fictício poeta popular terceirense, agora com os seus 80 anos, estaria radicado.

“O romance é, portanto, a rememoração de como ele ‘teria escrito’ A Paixão e a representou durante 8 anos. Resultado: todo o texto da peça e a sua concretização cénica são acompanhados e comentados a par e passo. Mais: servindo-se da deambulação descritiva, João Mateus vai introduzindo na narrativa histórias comoventes, graciosas e até pícaras, a propósito de alguns intérpretes das figuras bíblicas, num contraponto de registos que me parece estimulante para a leitura.

“Trata-se de um romance narrado na primeira pessoa que, no seu tom de oralidade, deixa pressupor a minha presença tutelar, sem que eu pronuncie, no entanto, uma única palavra.”  [ Norberto Ávila ]

Engenhosamente belo é o prefácio de Teresa Carvalho, determinada descobridora de subtilezas de elaboração literária e a quem se deve ainda o impressivo texto que enriquece a contracapa desta versão narrativa:

“Com este livro Norberto Ávila reincide n’A Paixão, abrindo-a a novas vias, e na arte de se movimentar hábil e inventivamente por diferentes estruturas discursivas, colocando em paralelo os planos distintos da representação e da vida, que aqui se tocam e se misturam, para reflexão e divertimento do leitor.

“Romance Quase de Cordel, conjuga, com invulgar mestria, a segurança da tradição com uma perturbante modernidade. Como um Jano de duas faces, o autor volta-se para a cultura popular, mergulha nas suas raízes açorianas e nas falas de sabor antigo, para logo regressar à superfície, vivo e de olhar apontado às conquistas da ficção pós-moderna, sem ceder à tentação do fragmento.

“Pela capacidade de harmonizar uma grande elaboração formal com a prática digressiva da oralidade; pela sua magnífica paleta de cores, a oscilar entre o roxo da via crucis e os tons indisfarçavelmente jocosos da glória de existir; pela capacidade de estabelecer cumplicidades com o leitor; pelo modo singular de infringir a própria norma romanesca, A Paixão Segundo João Mateus apresenta-se como um romance sem equivalente. E sem a possibilidade do espinho da desilusão.”

Opinião crítica:

“Com mestria, desenvoltura e imaginação criadora assente na magia do verbo, Norberto Ávila recria, neste livro, o falar popular da ilha Terceira, explorando as suas particularidades lexicais e fonéticas.

A Paixão Segundo João Mateus […] resulta de uma revisitação e de uma transposição de um texto dramático em verso […] para a presente versão narrativa, o que é passível de colher de surpresa muitos leitores, desde o estilo surpreendente e a inesperada exploração linguística de que o livro dá conta.

“Gostei incondicionalmente da técnica prosódica usada e muito apreciei o referido velho João Mateus, poeta popular da Serreta, narrador, contador de histórias, autor, encenador e mestre de cerimónias (com treino de muitos anos a compor “inredos” para as danças carnavalescas) […]

A Paixão Segundo João Mateus é isso mesmo: o poder evocativo, a recriação de lugares e atmosferas, a revificação da língua portuguesa, uma escrita que bebe no húmus da nossa condição insular, as bruscas mudanças no embalo da frase, só possível graças ao engenho de um criador de muito mérito. Entre uma tradição e uma modernidade, a obra flui na desordem ordenada que lhe dá a sua espontaneidade, casticismo e naturalidade. Mais do que uma regionalização pela linguagem, há aqui o estado natural da fala – o falar terceirense […].

“Livro sintomático da multividência açoriana, A Paixão Segundo João Mateus vale por essa experiência linguística que há muito se não via na produção literária açoriana, e vale, sobretudo, pela profunda humanidade das suas personagens. Eis um grande livro para quem o souber ler.”

VICTOR RUI DORES – A Tribuna Portuguesa, USA (Modesto, Calif.)

> www.norberto-avila.eu  > Romance

 

POEMAS AÇORIANOS (de Norberto Ávila, no livro Percurso de Poeta)  

Santa Maria, depois de certo incidente (Cristóvão Colombo, submisso, com desculposos argumentos.)

Sete Cidades(Lagoas geminadas, adormecidas.)

Fernando Pessoa, menino, no seu passeio em Angra(Primordiais apelos à “Mensagem”.)

Furna do Enxofre(Descendo à subterrânea catedral vulcânica.)

Setembro de manhã(“Um voto de prazer equivalente ao meu…”)

Sanguinhal (“Como se fosses um parente velho…”)  

Café Sport, café dos navegantes(Na ilha do Faial: uma ficção poética.)

Observação de baleias(Ver e não tocar.)

Resumido inventário de belezas naturais(“Espontâneo jardim do mar Atlântico”)

Ilha do Corvo(Longínquo… um “sólido país unificado”.)

União de músicos – (Tocante testemunho de insular fraternidade.)

 > www.norberto-avila.eu / Ver também POESIA.

 

POEMAS (de Norberto Ávila, de outra temática, em Percurso de Poeta)

Sobrevivências –  (Do sentimento de se poder “morrer um pouco menos”.)

Invocação – (“Nuvem branca, / minha asa fugitiva”.)

Natureza-morta  (Com vidros ou cristais: a solidão.)

Margem crepuscular(Criatividade infantil, criatividade poética.)

Diospiro – (Lampadário do outono…)

Solimão – (Enquanto o povo espera.)

Poema incómodo –  (Trabalhar, antes de mais, para o progresso alheio.)

Muros – (De Berlim, mas não só.)

Navegação costeira – (Velas, subitamente grávidas de vento.)

Alambique – (O poeta, no seu moroso destilar de versos.)

Discurso de despedida a uma mala de viagem – (Mudam-se os tempos…)

Transposição – (Elogio da amistosa, fraterna confidência.)

Serenamente – (Das pregações ao domicílio.)

(A)Corrida –  (De coisa nenhuma pode nascer um poema.)

Labirinto –  (Encontro e desencontro)

Noturno –  (“Um lençol de estrelas”)

Despedida – (“Teu silêncio perturba como um grito”.)

Recurso inevitável –  (Uma chama na origem de outra chama)

Motivo principal –  (“A luz incomparável dos teus olhos”)

No mar da tua ausência – (Da ausência à solidão.)

Improviso quase – (De uma carícia aveludada e breve.)

Declaração(De um inevitável sentimento.)

Poema do amor desmedido –  (Ainda que o Sol desperte a Ocidente.)

Presumível mensagem de Dido a Eneias – (Lamento sobre um amor eventualmente não correspondido.)

Nemésio, meu amigo – (Respeitoso e afetuoso retrato em sete quadras)

> www.norberto-avila.eu  > Poesia.  / Ver também POESIA.

 

POEMAS (outros ainda, de Norberto Ávila, não publicados em Percurso de Poeta)

(Os) Golfinhos – (Festiva imagem de convívio e solidariedade.)

Ourivesaria Diamantina (O que ganham alguns e outros perdem.)

> www.norberto-avila.eu > Poesia.  /  Ver também POESIA.

 

ROMANCES de Norberto ÁvilaNo Mais Profundo das Águas (1993 e 1994), Lisboa, Edições Salamandra, 1998; Frente à Cortina de Enganos (2003 e 2004), inédito; A Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel) (2004 a 2006), Edição do Instituto Açoriano de Cultura (Angra do Heroísmo), Lisboa, 2011.

 

(O) ROSTO LEVANTADOPeça de Norberto Ávila, em 2 partes, escrita em 1977 e 1978, cuja ação decorre no Alentejo, por volta de 1970.

Sinopse:

Ao regressar do serviço militar, Geraldo, que, apesar de jovem, exercera as funções de feitor do latifundiário José Redondo, apercebe-se da impossibilidade de, comodamente, reinserir-se naquele meio (que aliás lhe tinha sido tão favorável). A experiência da guerra colonial e o convívio com alguns camaradas minimamente politizados haviam-lhe aberto os olhos para uma tão flagrante desigualdade social.

Personagens: 7 masc.; 4 fem.

1978  – A peça é recomendada pelo júri de seleção para a fase final do Concurso de Textos Originais Portugueses para Teatro – promovido pela ATADT (Associação Técnica e Artística da Descentralização Teatral). Júri constituído pelos críticos Maria Helena Serôdio e Manuel Rio de Carvalho; encenadores Mário Barradas e José Oliveira Barata; dramaturgos Luiz Francisco Rebello e Miguel Franco; e pelo ator João Guedes.

2009 – Leitura encenada desta obra por um grupo de atores do Teatro Maizum, sob a direção de Silvina Pereira, na Livraria Bulhosa (Entrecampos, Lisboa).  Presença do encenador José Russo e de outros atores do Cendrev (Évora), pelo facto de terem em preparação a sua estreia absoluta.

2009 – Estreia absoluta de (O) Rosto Levantado, pela companhia do Cendrev (Centro Dramático de Évora), com encenação de José Russo e cenografia de João Sotero; colaboração do Grupo Coral Cantares de Évora. Teatro Garcia de Resende.   > www.cendrev.com/admin/content/ anexos_espectaculos/programarosto.pdf

2010 – Com esta peça de Norberto Ávila, empreende a companhia do Cendrev uma digressão por terras alentejanas: Arraiolos, Montoito, Azaruja, São Miguel de Machede, Valverde, São Manços, Monsaraz (…).

 

SALOMÉ ou A CABEÇA DO PROFETA – Comédia de Norberto Ávila em 8 quadros, escrita em 2000, na sequencia do 4º convite do Teatro de Portalegre. Estreia absoluta, com encenação de José Mascarenhas, no âmbito do X Festival daquela cidade. Igreja de São Francisco.

Sinopse:

Retrato e peripécias inúmeras da famigerada família real bíblica, num labiríntico entrecruzar de parentescos mais ou menos incestuosos. A desbocada Salomé explica isso muito bem: “E o Ti’Antipas, que já era meu tio-avô, ao juntar os veludinhos com minha mãe, passou a meu tio por afinidade, sendo portanto meu padrasto.”Ora o rei Herodes é na realidade um pusilânime, um pau mandado; já a suprema governante é de facto a rainha Herodíades (cujo papel o autor recomenda seja confiado a um ator encorpado e destro). E enquanto Herodes passa largo tempo à volta da sua preciosa coleção de fivelas de sandálias de presumíveis figuras históricas (Nabucodonosor, Júlio César…), Herodíades acumula as funções de falcoeira-mor com as de efetiva governante. À erudita e hábil Salomé cabe naturalmente o porfiado assédio sexual ao rudérrimo profeta João Batista.

Personagens: 3 masc. (+1 para 1guarda ou 2 guardas diferentes); 1 fem.

Data de 2001 a 1ª edição (Novo Imbondeiro, Lisboa), com o patrocínio do Instituto Português e das Bibliotecas.

Em 2002, realiza a Sociedade da Língua Portuguesa (Lisboa) uma sessão dedicada a esta obra dramática de Norberto Ávila. Apresentação do autor por Elsa Rodrigues dos Santos (acentuando sobretudo os “virtuosismos” literários do texto). Análise da comédia por Maria do Bom Sucesso Wallenstein; Ávila Costa e Luiza Costa interpretam uma das cenas principais: a do assédio de Salomé a João Batista.

 

(OS) VOTOS DE NATAL DE FRANK BALDAIA (2008) – Conto de Norberto Ávila, cujas personagens se movimentam nas Cinco Ribeiras (ilha Terceira, Açores), mas também em terras acolhedoras da Califórnia. Surpreendente encontro de um ex-guarda florestal do Sequoia National Park com uma fogosa italiana: Violetta Fogazzaro. Ficção narrativa expressamente elaborada para a revista AndarILHAgem, da Direção Regional das Comunidades (Açores), a convite do seu coordenador, Álamo Oliveira. Publicada no nº 4 (dezembro, 2008), com ilustração do autor.  >  www.norberto-avila.eu  > Conto.

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