NEMÉSIO, MEU AMIGO

 

 

Mestre Vitorino Nemésio,
doutorado em Poesia.
Raízes no mar ilhéu
e no vento a voz sentida.

 

De quando em quando recebe
notícia da ilha ausente,
que, de saudade ferida,
sua ausência não consente.

 

O seu cavalo o espera,
brilhando na noite escura,
ruminando palha fina,
com algum verso à mistura.

 

Espera-o a viola certa,
para o concerto do dia,
com as mãos de quem inventa
claros sinais de alegria.

 

E com seu ar descuidado
de quem deixa a porta aberta,
abre o silêncio – e a palavra,
a sua melhor oferta.

 

Senta-se ao lado do povo,
a quem chama seu amigo.
Do Brasil o estão chamando:
Parte, seu hábito antigo.

 

Servidor da Poesia,
servidor de quem o serve,
prolonga o canto da vida,
enquanto a vida se escreve.

 

NORBERTO ÁVILA