A CORRIDA

 

 

À sombra duma árvore,
aberto,
o livro de poemas irlandeses.
E, na margem esquerda duma página,
surge,
do nada,
um pequeníssimo inseto,
na verdade minúsculo,
extremíssima ponta cortada de alfinete.
(Lá terá o seu nome. Ou talvez não.)

 

Repentino, lançou-se
em corrida veloz, desenfreada,
na branca, luminosa pista do papel.

 

Aceite o imponderável do seu corpo,
se tal comparação acaso é permitida,
atinge um andamento inusitado,
digamos que ultrapassa o avestruz
lançado na imensidão australiana.

 

– Ganharás a corrida, Fittipaldi!
(Até por não haver competição!)

 

Seja isto, portanto, em teu louvor.
Porque em poucos segundos percorreste
a enorme distância de 10 versos!

 

NORBERTO ÁVILA