OURIVESARIA DIAMANTINA
Há, na loja do ourives, um fuzilar de brilhos,
rutilâncias, fulgências, esplendores.
O cliente, ridente, uma vez mais se curva
perante o mostrador.
Isto porque um colar de diamantes
lhe parece a coleira mais segura,
suscetível de amansar e sujeitar
uma amante
fugidia.
E eu, no exterior, olhando a cena,
imagino os argumentos do ourives:
O diamante é talismã convicto, universal,
que torna inoperantes os maléficos espíritos
e afasta os pesadelos e os terrores noturnos.
Além do mais,
por excelência o símbolo da constância.
Os diamantes,
– no dizer de quem os distribui por esse Mundo
(De Beers de seu nome),– são para sempre.
Tivesse eu a coragem de transpor aquela porta,
furibundo como um Cristo ao intervir no Templo!
Haveria de falar desse poder estrangeiro
que nas plagas africanas explora as pedras fascinantes,
por um tão módico preço de sangue:
intermináveis guerras
entre povos irmãos!
NORBERTO ÁVILA